Assistência à pessoa com deficiência no Brasil

Publicado em Diversos - 5 de dezembro de 2014

Entre os dias 1º a 5 de dezembro, comemora-se a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência. A doutora em Saúde Pública e professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Amélia Augusta Friche foi convidada para discutir a questão da assistência à pessoa com deficiência no Brasil. Também como coordenadora do curso de qualificação Uso Terapêutico de Tecnologias Assistivas, ofertado pelo Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da UFMG – Nescon, ela explica sobre a necessidade de promover o cuidado à saúde, a prevenção e a identificação precoce de deficiências em todas as fases da vida, bem como ampliar a oferta de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção.

Quais os aspectos mais frágeis, atualmente, em relação ao atendimento de pessoas com deficiência no Brasil?

A professora Amélia em um Congresso de Fonoaudiologia

A professora Amélia em um Congresso de Fonoaudiologia

Apesar dos esforços e dos muitos avanços na atenção à pessoa com deficiência, observados especialmente a partir do plano do Ministério da Saúde Viver sem Limites, há ainda dificuldades na formação dos profissionais, na realização de diagnóstico preciso e em tempo hábil, no  acesso aos tratamentos e aos equipamentos necessários para a melhora da qualidade de vida e da socialização dessas pessoas.

Entretanto, com a implantação a Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência – uma das linhas de atenção prioritária do MS – há boas perspectivas de organização da assistência à pessoa com deficiência em todos os níveis de atenção.

Qual a importância de qualificar os profissionais da saúde para o atendimento as pessoas com deficiência?

A qualificação dos profissionais da área da saúde é de suma importância, não só no que diz respeito à assistência direta, pois capacita os profissionais para a elaboração de planos terapêuticos singulares e indicação de recursos de tecnologia assistiva adequados, mas também pela divulgação das políticas públicas relacionadas à pessoa com deficiência no Brasil. Esses conhecimentos são determinantes para o atendimento integral e de qualidade a essas pessoas.

De que forma o curso coloca em prática os princípios do SUS sobre acessibilidade?

O curso Uso terapêutico de tecnologias assistivas, elaborado por professores de diferentes áreas de atuação, sob a coordenação do Nescon, trabalha com conteúdos sobre políticas públicas para a pessoa com deficiência e sobre possibilidades terapêuticas de utilização de recursos de tecnologia assistiva disponibilizados pelo SUS. Dessa forma, contribui não só para a divulgação de tecnologias disponíveis, mas também para a discussão de suas indicações, com discussões de casos clínicos nas áreas de ortopedia, fisioterapia, oftalmologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, perpassando os diferentes níveis de atenção.

Como o ensino do Uso terapêutico de tecnologias assistivas contribui para a sensibilização do olhar para as necessidades das pessoas com deficiência?

O curso contribui para a sensibilização do olhar dos profissionais da saúde para as necessidades das pessoas com deficiência à medida que discute casos e diferentes situações do dia a dia dessas pessoas, considerando suas limitações, capacidades e potencialidades, e sua inserção na sociedade.

Como você percebe o retorno da aplicação prática do que é ensinado no curso?

O retorno pode ser observado pelo grande número de profissionais do SUS que realizaram o curso e que certamente, já estão aplicando os conhecimentos adquiridos nos seus diferentes locais de trabalho, além de divulgar o curso outros profissionais.