Nas últimas décadas, o tabagismo tornou-se um grave problema social e de gastos com a saúde pública. O uso do tabaco é responsável por mais de quatro milhões de mortes anuais no mundo, determinadas pelo aumento da prevalência das doenças relacionadas ao hábito de fumar. Constitui a maior causa isolada de doença evitável que se conhece. A nicotina do tabaco causa dependência química. A duração e o nível de exposição à fumaça do tabaco estão diretamente relacionados com o risco e a severidade de muitas consequências adversas à saúde. Hoje, 45% das mortes por infarto do miocárdio, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), 25% das mortes por doença cérebro vascular e 30% das mortes por câncer, estão relacionadas ao hábito de fumar. O tabagismo comporta-se como uma doença crônica e seu tratamento deve ser valorizado fazendo parte dos atendimentos nas unidades de saúde, assim como qualquer outra doença crônica. A atenção primária à saúde configura-se como um cenário oportuno para a execução das ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde. A abordagem do fumante para a cessação de fumar deve ter como eixo central intervenções cognitivas, e o treinamento de habilidades comportamentais, visando não apenas a cessação, mas também a prevenção de recaídas. O Brasil é considerado referência mundial no controle do tabagismo. Contudo, o número de fumantes ainda é expressivo e com repercussões significativas no desenvolvimento de agravos à saúde, acarretando altos custos sociais e econômicos. Tendo-se em vista a dimensão de todos os problemas que o tabagismo pode causar, elaborou-se um projeto de intervenção para reduzir o índice de tabagistas na área de abrangência da Equipe de Saúde da Família Pedra Branca I, na cidade de Ribeirão das Neves, Minas Gerais- MG. Para o desenvolvimento do plano de intervenção foi utilizado o método de Planejamento Estratégico Situacional (PES) e uma revisão narrativa da literatura sobre o tema. Inicialmente foi realizado pela equipe o diagnóstico situacional com a utilização do método da estimativa rápida. Foram identificados dados referentes à saúde da população, condições socioeconômicas, condições de moradia e saneamento básico e inúmeros problemas. A implantação do plano de ação foi composta por palestras semanais em grupo sobre tabagismo; orientações individuais médica e da enfermagem sobre as consequências do tabagismo, doenças associadas, impactos da cessação e opções de tratamento medicamentoso e não medicamentosos (acompanhamento com psicologia). Observou-se que de um grupo de 60 pacientes que aderiram ao plano completo de intervenção com duração de 4 meses, 50 deles cessaram o tabagismo, sendo que apenas 19 pacientes necessitaram de suporte medicamentoso. Diante da dimensão do fato, ressalta-se a importância de intervir para o combate ao tabagismo. Reduzindo-se o número de tabagistas, melhora-se a qualidade de vida do fumante e seus familiares, assim como se reduz a incidência de doenças relacionadas ao cigarro