Projeto de intervenção propõe medidas para promover vida saudável às crianças
A obesidade infantil está cada vez mais presente no Brasil. Segundo a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, 33,5% das crianças entre cinco e nove anos têm excesso de peso. Já entre os adolescentes, o número atinge 20,5%. Para mudar este quadro, um estudo desenvolvido no Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon) propõe ações para profissionais e estudantes.
Com grande prevalência de sobrepeso e obesidade nas crianças e adolescentes assistidos pelo Programa Saúde na Escola (PSE), o município de Bugre, a 253 quilômetros de Belo Horizonte, foi o escolhido para o desenvolvimento do projeto de intervenção nas escolas. “O PSE contribui para a formação dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. Como trabalha diretamente com as crianças, ele é um ótimo caminho para a melhoria do bem-estar desta faixa etária”, explica a autora do trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de especialização em Estratégia Saúde da Família (CEESF), Danieli Ribeiro.
Obesidade: causas e consequências
A má alimentação é um dos fatores que contribui para a obesidade infantil. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicam que 32,3% das crianças brasileiras menores de dois anos consumem refrigerantes e sucos de caixinha, alimentos ricos em açúcar. Já biscoitos recheados e bolos fazem parte do cardápio de 60,2% dos jovens. Esta alimentação, associada ao sedentarismo, contribui para que estes meninos e meninas tenham altos Índices de Massa Corporal (IMC). O IMC, calculado pela divisão do peso pelo quadrado da altura do paciente, indica o peso ideal de um indivíduo e, quando maior que 30, caracteriza um quadro de obesidade.
Para Danieli, porém, outro elemento contribui para o problema: a falta de informação. Conscientizar as crianças e adolescentes sobre as formas de prevenção do sobrepeso e da obesidade, e sobre as consequências destes distúrbios, é essencial. “Doenças como a hipertensão arterial, diabetes e doenças cardiovasculares podem surgir a partir da obesidade”, exemplifica a pesquisadora.
Informação é o primeiro passo
Para a mudança do panorama, Danieli propõe alguns projetos. O primeiro seria a criação do plano “Prática e praticantes”, que visa conscientizar as crianças e adolescentes sobre alimentação adequada, além de incentivar a prática de atividades físicas. Já a partir da atividade “Roda de conversas”, os alunos aprenderiam sobre a prevenção do sobrepeso e a obesidade, dialogando sobre suas dificuldades e compartilhando suas experiências e expectativas.
Segundo Danieli, a parceria entre a saúde e educação é um passo importante para a mudança da saúde das crianças. “E por meio da proposta ‘Conhecer e saber’, poderíamos fortalecer o vínculo entre as equipes de saúde e os profissionais da educação, aprimorando o conhecimento a ser transmitido aos estudantes e assim melhorando o atendimento feito pelo PSE”, afirma. A pesquisadora ressalta que a proposta foi apresentada à prefeitura de Bugre para estudo e implementação.