Estudo sugere mudanças na atuação do enfermeiro na promoção da saúde do idoso na APS

Publicado em Diversos - 7 de Janeiro de 2015

Segundo o IBGE, é estimado que nos próximos 20 anos a população acima de 60 anos mais do que triplique. Os atuais 22,9 milhões (11,34% da população) passarão a ser 88,6 milhões (39,2%). A conquista desta longevidade, apesar de ser uma vitória, traz desafios e a necessidade urgente de repensar as gestões e políticas públicas. Foi com esse fundamento que a enfermeira Érica Ribeiro da Silva desenvolveu seu trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família da UFMG, atualmente curso de especialização em Estratégia Saúde da Família (CEESF).

m-atildeos-da-enfermeira-e-do-paciente-idoso-thumb16301469-400x200Ela teve como objetivo elaborar um projeto de intervenção com a finalidade de promover ações de promoção e prevenção de agravos à pessoa idosa residente no território da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Pindorama/Vila Esperança. Érica explica que a pretensão é desenvolver dentro destas ações a autonomia do idoso, identificar sinais e sintomas precoces, distinguir senescência e senilidade, além de envolver familiares para continuidade dos cuidados.

A ideia
A ideia do projeto surgiu quando a Erica da Silva cursou a disciplina Planejamento e avaliação das ações em saúde e realizou o diagnóstico situacional do território da UBS onde atuava. Dos muitos problemas levantados ela priorizou e selecionou a saúde da pessoa idosa. ”A ideia está totalmente ligada com minhas experiências profissionais. É notável o aumento da procura assistencial desse grupo e consequentemente surgem as dificuldades de abordagem da Estratégia da Saúde da Família (ESF) para com os idosos”, contou.

O seu trabalho foi desenvolvido através de um estudo de revisão bibliográfica, com o intuito de levantar na literatura nacional as evidências existentes sobre a contribuição do enfermeiro nas atividades de promoção da saúde e na prevenção de agravos à saúde da pessoa idosa. “Foi possível perceber que a atuação do enfermeiro na atenção primária à saúde é de fundamental importância”, declara Silva. Para ela, estes profissionais têm capacidade funcional, tanto para gestão quanto para atenção direta ao idoso. “A enfermagem tem um papel determinante no cumprimento das leis relacionadas aos idosos, promovendo a inclusão social indiscriminada dessa faixa etária, respeitando suas capacidades e restrições. O enfermeiro se posiciona como orientador e mediador para práticas saudáveis”, declarou.

Propostas
A partir do material revisado e considerando o que foi observado nas UBSs, Érica apontou como principais “nós críticos” a falta de distinção entre a velhice fisiológica e o envelhecimento patológico; falta de capacitações; déficit no plano assistencial ao idoso acamado e estilo de vida. Para cada um destes foram estabelecidos alguns projetos, resultados e produtos esperados e a viabilidade dos recursos necessários.

O déficit no plano assistencial ao idoso acamado, por exemplo, está ligado à visita domiciliar da ESF, incluindo o médico. “Muitas vezes a família recebe diariamente apenas a visita do Agente Comunitário de Saúde (ACS) e o enfermeiro não dá continuidade ao seu plano assistencial. O primeiro passo é ouvir a família, suas dúvidas, preocupações, medo, dificuldades, manter um elo para que o cuidador ou família sinta veracidade no que for orientado”, afirma Erica.

Ela também lembra o benefício da criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). “Grande parte dos idosos possui vidas sedentárias ou não recebem nenhum estímulo para atividade física. Com a criação do NASF ficou mais fácil dividir essa responsabilidade de levar informação e sensibilizá-los dentro do seu limite a prática de atividade física e estimulá-los no autocuidado”, completou.

Além disso, ela ressalta que é indispensável aos enfermeiros terem, ainda na sua formação acadêmica, o contato com a realidade prática do estilo de vida da pessoa idosa correlacionando-os com as suas comunidades e famílias. “Através de sua prática junto à atenção de saúde, o enfermeiro deve estabelecer estratégias tendo como plano de fundo o desafio de garantir os direitos sociais e humanos dos idosos garantindo-lhes acesso integral a saúde, por meio de diálogos que devem se fazer sempre presentes entre profissional, equipe e idosos”, argumentou.

Aplicação
Apesar de não ter sido possível aplicá-lo, o plano de ação foi apresentado para ESF, resultando em alguns treinamentos sobre assistência à pessoa idosa na atenção primária. Érica garante, ainda, que tanto os idosos, como a Estratégia da Saúde da Família e a comunidade seriam beneficiados com o trabalho. Inclusive, poderia ser aplicado em qualquer lugar já que o aumento da população idosa se trata de um problema comum.