TCC de aluno do Programa de Cursos do Nescon propõe mudanças na estratégia de combate ao sedentarismo em Lagoa Santa
Preocupado com as consequências do sedentarismo, o educador físico Leonardo Bretas elaborou um plano de intervenção com ações que visam readequar um programa de combate a esse problema na área de abrangência da Unidade de Saúde da Família da Lapinha, em Lagoa Santa, Minas Gerais.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 80% da população brasileira é atingida pelo sedentarismo. A Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte alerta, ainda, sobre a influência em condições clínicas como a hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, doença vascular, obesidade, diabetes, osteoporose, câncer de cólon, mama, próstata e pulmão, ansiedade e a depressão.
O projeto de Leonardo foi apresentado em fevereiro deste ano como o trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família (CEESF). “Acredito que as comunidades são carentes e dependentes de boas ações. O êxito dessas ações, no meu ponto de vista, depende de planejamento e de perseverança. Acho com o tempo será possível mudar a realidade da comunidade”, afirma.
Segundo ele, a readequação do programa de atividades físicas, já ofertado na região, era necessária para a adesão de mais moradores. Consequentemente, a população se tornaria menos suscetível aos males associados ao sedentarismo.
Apesar do pouco tempo de aplicação, a readequação do programa de combate ao sedentarismo já muda a realidade de algumas famílias. Um exemplo é Adriana Aparecida, 35 anos, que já fazia as atividades da Academia Livre e decidiu acrescentar as atividades coordenadas por Leonardo. “O motivo principal é porque estou acima do peso. Desde que comecei já senti melhoras com as dores do pé e o cansaço que sentia com frequência. Eu indico as atividades para todos”, afirmou. Recomendada pelas agentes de saúde, Nilma Pereira, 60 anos, também reconhece a importância do programa. “Eu gosto muito das atividades, primeiro pela saúde corporal e segundo pela saúde mental. É uma maneira de movimentar o corpo, de encontrar e relacionar com as pessoas. Percebi uma melhora na coordenação motora e na ajuda que tem dado para as atividades de percepção mental que faço com outro professor”, disse.
Planejamento
O primeiro passo foi fazer um diagnóstico situacional das famílias cadastradas na Unidade de Saúde. Junto com a Equipe da Saúde da Família (ESF), ele realizou visitas domiciliares e os moradores foram indagados sobre a prática de atividades físicas, a partir de questionário elaborado pela própria equipe.
As respostas definiram as condições de sedentarismo. Oportunamente também foram identificadas as possíveis causas para a não adesão ao programa de atividades físicas oferecido pelo município, ou a ausência de práticas espontâneas como a de esportes e caminhadas, por exemplo. “Observou-se que 56,8% dos adultos encontravam-se inativos fisicamente. Esse número ultrapassa os apresentados nas pesquisas nacionais”, aponta Leonardo.
Com isso, uma das ações apontadas pelo plano seria solucionar os “nós críticos”, propondo incentivo à adesão das atividades físicas pelos sedentários. Para isso, o educador físico sugeriu organizar melhor o tempo, disponibilizar horários para as atividades, explicar sobre o sedentarismo e suas consequências, informar sobre as ações desenvolvidas e diversificar as atividades oferecidas.
Histórico e readequação
A Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa Santa implantou o projeto Academia Livre no município em fevereiro de 2010, disponibilizando equipamentos para práticas de atividades aeróbicas e de resistência muscular. O programa também oferece orientação às atividades, além de suporte para que os usuários sejam beneficiados com o bem estar físico, mental e social, o estímulo ao autocuidado, a melhora da autoestima e a redução do sobrepeso, com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), no qual Leonardo Bretas está inserido.
A Academia Livre proporciona duas horas por semana de prática de atividade orientada para a população em geral. Porém, a necessidade de melhoria é visível ao considerar que a adesão ainda é pequena e a oferta de atividade física está aquém dos 150 minutos por semana recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com isso, Leonardo Bretas viu a oportunidade de conciliar este programa com o seu projeto Ginástica Localizada, aplicado em Lagoa Santa desde 2009, reduzindo o número de sedentários e possibilitando a participação e interesse de mais beneficiados, já que houve o aumento na oferta de horários e tipos de atividades.