Hésio Cordeiro, importante personalidade do Movimento pela Reforma Sanitária do Brasil falecido no último dia 8, teve papel importante na consolidação do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon), participando anteriormente de muitas atividades da UFMG, como docente convidado do Curso de Especialização em Medicina Social. Esteve presente nos debates que ensejaram a reforma curricular da UFMG em 1974.
Quando presidente do Inamps, em 1985, foi quem garantiu um expressivo repasse financeiro que deu início às atividades do Nescon, que foi uma das alavancas da transformação do sistema fragmentado que havia no Brasil no que hoje é SUS.
Registro fotográfico de visita feita em 1981 ao Internato Rural, acompanhado do Professor Reinaldo Guimarães e de professores, residente e funcionários da UFMG, na cidade de Pirapora de saída para Grão Mogol. Em primeiro plano Hésio Cordeiro Reinaldo Guimarães (UERJ) e Veneza Berenice (UFMG); em segundo plano Mário Grassi (residente UFMG). Maria José (esposa Hésio)e Francisco Campos, coordenador do Internato Rural; em terceiro plano Hélio Candioto e Carlos Zeferino (motoristas UFMG) Crédito: Acervo do Internato Rural da Faculdade de Medicina da UFMG.
Legado
Hesio de Albuquerque Cordeiro nasceu em 21 de maio de 1942, em Juiz de Fora. Graduou-se em Medicina pela então Universidade do Estado da Guanabara, em 1965. Seu caminho logo tomou o rumo dos debates sobre os sistemas de saúde. Iniciou como clínico no Hospital Pedro Ernesto da UEG sob a liderança do Prof Américo Piquet Carneir. ma bolsa conjunta concedida em 1969 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) permitiu que o pesquisador realizasse cursos e visitas técnicas às escolas de Medicina Preventiva nos EUA. O conhecimento adquirido e as relações de cooperação estabelecidas foram centrais para fundação do Instituto de Medicina Social (IMS) em 1971, que foi o principal irradiador da proposta da reforma do setor saúde no Brasil.
Entre 1971 e 1978 trabalhou como consultor da OPAS para atividades de organização de serviços de saúde, tecnologia e recursos humanos, atuando em vários países, como Argentina, Peru, Equador, Venezuela, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, México e República Dominicana. Ainda durante o regime militar, participou do Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, promovido pela Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados, em 1979, quando veio a público um dos textos seminais da área, A Questão democrática na área da Saúde.
Em 1981, doutorou-se em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Hesio Cordeiro integrou o Grupo de Trabalho para o Programa de Saúde, da Coordenação do Plano de Ação do governo do presidente Tancredo Neves para ampliação e organização do sistema de saúde do país. Sua atuação seguiu no cargo de presidente do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps), exercido de 1985 a 1988.
Junto com Sergio Arouca, coordenou e presidiu os trabalhos da VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, marco do Movimento pela Reforma Sanitária brasileira e que pautou na sociedade a saúde como dever do Estado, a universalização e a integralidade nos cuidados de toda a população com ativa participação e controle dos serviços de saúde por seus usuários – elementos que comporiam o capítulo da Saúde da Constituição Federal de 1988. De 2007 a 2010 foi diretor de gestão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), sendo sua última contribuição à vida pública do país.
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Com informações da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Leia trajetória completa no site da Abrasco.