Após 11 meses do início do Programa Mais Médicos, 49 milhões de brasileiros já são atendidos em mais de 3,8 mil municípios brasileiros e distritos especiais indígenas. Os números fazem parte do balanço inicial apresentado nesta terça-feira, 1º de julho, em Belo Horizonte, no Seminário Mais Médicos para o Brasil, Mais Saúde para os Brasileiros.
Realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com os envolvidos diariamente na construção do programa, o evento teve o objetivo de apresentar os impactos iniciais e promover um debate sobre as mudanças que o Mais Médicos proporcionou para a sociedade. “Estamos na finalização da fixação dos médicos, então é justamente agora que os envolvidos precisam mostrar quais são os primeiros resultados, já que a princípio iremos conviver com o ele [o programa] por pelo menos três anos. Precisamos olhar os desafios que estão aparecendo e seguir em frente”, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
Participação da Faculdade de Medicina e Nescon
Como integrante da mesa, o diretor da Faculdade de Medicina da UFMG, Tarcizo Nunes, ressaltou o envolvimento da instituição com o Programa Mais Médicos, por intermédio do Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (Nescon). Com o Curso de Especialização Estratégia Saúde da Família (CEESF), o Nescon contribui para a formação de aproximadamente 1,7 mil médicos do Programa Mais Médicos e do Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab), além da supervisão realizada por vários dos seus docentes. “Entendemos que a Faculdade de Medicina também vai ao encontro desse programa, na medida em que daremos início ao novo currículo no próximo semestre, o qual é voltado para a atenção primária, atendendo, assim, às diretrizes curriculares do Ministério da Educação e o da Saúde”, apontou Tarcizo.
O ministro Chioro lembrou que essas diretrizes também determinam que o mínimo de 30% da carga horária do internato (estágio dos estudantes de Medicina) terá que ser feita na atenção básica do SUS. Para ele, é justamente a mudança na formação que beneficiará o futuro. “Temos que formar especialistas em todas as áreas, mas de maneira planejada. É necessário que as especialidades dos médicos formados correspondam às necessidades da população”, defendeu.
Membro da coordenação do Nescon, a professora da UFMG Maria Rizoneide Negreiros concordou com o ministro. Segundo ela, os 1,7 mil alunos do CEESF refletem a necessidade dessa mudança para que, ao se tornarem especialistas, entendam o contexto no qual vão trabalhar e aprendam a trabalhar para o SUS. Para Maria Rizoneide, aqueles que não entendem o que é o SUS também não conseguem ser bons profissionais da rede privada.
Convidada a apresentar o Nescon e o CEESF, Maria Rizoneide mostrou entusiasmo com a metodologia e a estrutura curricular do curso. “Os supervisores trazem suas experiências profissionais para dentro da sala de aula e isso muda a informação. Há percalços, mas os benefícios são maiores. Hoje a sociedade tem uma assistência de qualidade, temos profissionais que não encontrávamos no passado”, afirmou. Ela completou que o “atender e o acolher” é que garantem um atendimento de qualidade.
Impacto do Mais Médicos em Minas Gerais
O ministro da Saúde chamou a atenção para os três componentes importantes do Programa Mais Médicos: melhoria da infraestrutura, formação de médicos e provimento emergencial. Nessa perspectiva, Arthur Chioro apresentou as mudanças iniciais ocasionadas pelo Mais Médicos em Minas Gerais. Segundo o ministro, mais de 4 milhões de mineiros foram contemplados.
Ainda de acordo com o balanço apresentado, os 1235 médicos do estado levaram a atenção básica para 463 municípios e um município indígena. Os resultados apontam o aumento de 40% no atendimento das pequenas urgências; aumento de 14% de consultas por demanda; e de 16 % de consultas agendadas, o que significa um acompanhamento continuado. Houve incremento de 35% no atendimento aos dependes de drogas e álcool e de quase 19% a transtornos mentais leves – o que é fundamental para a rede de atenção psicossocial, impedindo o agravamento desses casos e um desfecho mais complicado. Também houve aumento de 17% no pré-natal, implicando, segundo Chioro, na diminuição da mortalidade infantil e em mais saúde para as mães e os bebês.
Na oportunidade, o ministro adiantou futuras mudanças, como a autorização do Ministério da Educação para a abertura de 336 vagas para formação de médicos e 356 novas vagas de residência. Além disso, comentou que R$ 46 milhões serão repassados para Minas e seus municípios, para serem aplicados na rede de urgência, no atendimento em oncologia, no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), dentre outros.
Impacto do Mais Médicos no Brasil
“Em 25 anos de existência do SUS e 20 anos de estratégia da saúde da família, é a primeira vez que estamos experimentando a possibilidade de ter a atenção básica em todo o país. Quando não se tem a atenção básica funcionando na região, acabam migrando para a urgência e emergência os casos que deveriam ser resolvidos no posto de saúde”, relatou o ministro da Saúde, ao divulgar o número atualizado de médicos no Brasil. São 14.461 médicos atuando por todo o território nacional, incluindo aos brasileiros os profissionais intercambistas e cubanos.
Dentre os resultados apresentados sobre os impactos no Brasil, houve o aumento de 35% no número de consultas da atenção básica e uma redução de 21% de encaminhamentos para outros hospitais. Segundo Chioro, o fato de ter ocorrido um aumento de 11% no pré-natal e 44% dos atendimentos aos diabéticos, por exemplo, significa uma mudança da realidade da saúde da população brasileira, já que acarreta a diminuição de doenças ocasionadas pela falta de prevenção ou acompanhamento.