Nescon reúne 9 países para Fórum sobre trabalho na Saúde

Publicado em Notícias - 12 de agosto de 2008

Pode parecer contraditório, mas a saúde de quem zela pelo bem-estar da população anda precisando de cuidados. Estudos realizados em diversos países demonstram que médicos, enfermeiros e outros profissionais ligados ao setor saúde são vítimas constantes de males que vão de depressão à doenças de pele, sobretudo pela precariedade das condições de trabalho.

Para tentar reverter este quadro, representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e de diversos países latino-americanos se reúnem de hoje a quinta-feira (14) no Nescon para o Fórum sobre Fontes de Dados em Condições de Saúde e Trabalho no Setor Saúde. A idéia é avaliar as bases de dados existentes sobre a saúde do profissional da saúde em cada país, a fim de favorecer a construção de sistemas de informação capazes de embasar programas e políticas públicas.

“Não existe planejamento sem informação”, destaca Ada Assunção, pesquisadora do Nescon e coordenadora Rede Internacional de Cooperação entre países da América Latina e Caribe. “Daí a importância de se conhecer as condições de saúde dos profissionais da área de saúde”, explica.

São, ao todo, 17 convidados – representantes dos Ministérios da Saúde do Brasil, da Argentina e do Chile; do Ministério do trabalho da Argentina; além de membros da OPAS/OMS da Costa Rica, do Chile, do Equador, do México, do Peru, do Uruguai; e da OMS Genebra. Hoje, cada país apresentou os dados de que dispõe sobre a situação de seus trabalhadores na saúde. 

A primeira constatação entre os participantes, segundo a professora Ada, foi a de que é necessário homogeneizar essas informações, de modo a torná-las comparáveis. “O Equador, por exemplo, trouxe dados sobre a migração de profissionais para outros países. O Uruguai, sobre a saúde mental dos médicos e residentes em uma determinada província. Os dados, portanto, ainda são muito heterogêneos. Nosso objetivo é construir uma base unificada, começar a registrar o mesmo tipo de informação e, com isso, estabelecer comparações que permitam enxergar os avanços e deficiências em cada localidade”, esclarece.

O cenário atual, porém, já é capaz de revelar que o Brasil é destaque, entre seus vizinhos, quando o tema é saúde do trabalhador. “O Brasil tem uma tradição em políticas de saúde que creio não haver em nenhum país da América Latina, destaca Marta Novick, que veio representando o Ministério do Trabalho argentino. “A Argentina, por exemplo, ainda está recuperando sua capacidade de melhorar a  atenção à saúde da população, o que inclui os trabalhadores da saúde”, conta.

Rumo à garantia dos trabalhadores da saúde brasileiros, entretanto, o país ainda tem um longo caminho a percorrer. Pelo menos é o que destaca Nelson Santos, Coordenador da Regulação Profissional e Negociação em Saúde do Ministério do Trabalho .De acordo com Santos, hoje, já se pode contar, por exemplo, com políticas que obrigam hospitais e outros estabelecimentos (principalmente no setor privado) a informarem as doenças desenvolvidas pelos profissionais no trabalho. Mas é preciso ainda unificar os dados reunidos até o momento pelos diversos ministérios (Trabalho, Saúde e Previdência), mapear melhor a situação dos que atuam na área pública, além de avançar para o próximo passo: o estabelecimento de medidas concretas que reduzam dos índices de adoecimento encontrados. “Até hoje, nesse sentido, nunca se fez nada especificamente para os trabalhadores da Saúde. Vamos começar do zero”.

Comunicação Nescon
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