Os indígenas representam menos de 1% do contingente populacional brasileiro – aproximadamente 500 mil pessoas -, divididos em mais de 200 etnias que falam cerca de 180 línguas. Devido às drásticas transformações em seus estilos de vida associadas à interação com os não índios, começam a sofrer de obesidade, hipertensão arterial e diabetes. São também elevadas as prevalências de desnutrição em crianças e de anemia em mulheres e crianças.
Esses são resultados do maior estudo sobre povos indígenas já realizado no país, Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas. Coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), apresenta uma radiografia das condições de vida desses povos.
Os povos indígenas estão presentes em todos os estados do país, exceto no Piauí e no Rio Grande do Norte, e as terras indígenas ocupam aproximadamente 15% do território nacional. De acordo com o inquérito, o processo histórico vivido por toda a população brasileira também alterou drasticamente os sistemas de subsistência indígenas. Muitos índios, hoje, vivem em áreas urbanas e, por isso, não mais produzem diretamente os alimentos consumidos. Segundo a pesquisa, “pressões exercidas pela expansão dos projetos de colonização rural e empresas agropecuárias, garimpos e indústria extrativista, aliadas a ambientes degradados, comprometem seriamente sua segurança alimentar e saúde geral”.
Os resultados do inquérito aprofundam e ampliam o conhecimento sobre saúde indígena no Brasil, que vem sendo construído nas últimas décadas, já que se baseou em uma amostra representativa para todo o país. Os pesquisadores apontam a mudança do perfil epidemiológico-nutricional como um quadro preocupante, no qual as crianças parecem particularmente atingidas, mas os adolescentes e os adultos também não estão livres de problemas de ordem nutricional.
Esse inquérito nacional é uma realização da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social de Combate à Fome (MDS). Foi financiado pelo Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) e executado por meio de uma parceria entre a Abrasco e o Instituto de Estudos Ibero-Americanos, da Universidade de Gotenburgo, na Suécia.
O inquérito teve a participação de pesquisadores de dezenas de instituições brasileiras, sob coordenação geral de pesquisadores da Ensp (Carlos Coimbra Jr., Ricardo Ventura dos Santos e Andrey Cardoso) e da Universidade Federal de Pelotas (Bernardo Horta).
Acesse aqui a apresentação de alguns resultados do Inquérito Nutricional Indígena.
Fonte: Comunicação Ensp/Agência Fiocruz de Notícias