Reunião da Aliança Global termina no Nescon

Publicado em Notícias - 26 de novembro de 2008

“Nos últimos relatórios da Organização Mundial de Saúde o Brasil tem sido citado como referência no desenvolvimento de experiências de capacitação e utilização de recursos humanos para saúde no mundo e essa é uma questão sem a qual não se resolve os problemas dos sistemas de serviço de saúde”, essa foi a afirmativa destacada hoje pelo secretário de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Francisco Campos (foto) também professor do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Medicina, no encerramento da reunião anual do Global Health Workforce Alliance – GHWA (Aliança Global para a Força de Trabalho em Saúde). O evento, iniciado no último dia 22 em Ouro Preto, terminou hoje, no Nescon.

Durante toda a manhã (26), os integrantes da Aliança Global para a Força de Trabalho em Saúde conheceram 5 experiências brasileiras  de sucesso desenvolvidas em parceria com a  UFMG, para diminuir  a falta de profissionais da área da saúde e garantir melhor qualificação para aqueles que deixam a universidade ou aceitam trabalhar em áreas distantes do país. Foram apresentados o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, o Observatório de Recursos Humanos em Saúde, o Programa Telessaúde, o Pró-Saúde e o curso de Formação de Agentes Comunitários de Saúde.

Segundo Francisco Campos, a Universidade Federal de Minas Gerais tem várias experiências em capacitação de recursos humanos para a saúde, como exemplo ele destacou o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família, desenvolvido pelo Nescon. “O Brasil tem hoje um número muito grande de profissionais de saúde da família, são 29.239 equipes, algo em torno de 100 mil profissionais, dos quais menos de 10% são especializados, aliado a isso o Ministério da Saúde precisa especializar pelo menos 52 mil profissionais, por isso a iniciativa da UFMG de capacitação em larga escala, na modalidade educação a distância, é uma experiência inovadora, pois permite a formação de até 1.000 profissionais, o que é  inviável com cursos presenciais” observou.

Outra iniciativa destacada por Campos foi o Pró-Saúde, com a reforma dos currículos dos cursos de Medicina. “A UFMG é uma instituição que tem feito um esforço muito grande para que os currículos dela se aproximem das necessidades reais da população”, assegurou.

Não menos destaque foi dado por Campos ao Telessaúde, cujo objetivo é melhorar a qualidade do atendimento da atenção básica no SUS. Ele explicou que por meio da internet busca-se capacitar as equipes de saúde da família para prestar serviços aos cidadãos  e os profissionais podem ter acesso a treinamento (videoconferência) e discussão de casos clínicos com especialistas da UFMG e ainda é possível receber laudos e discutir os casos com um plantão de cardiologistas.

Os integrantes da GHWA também conheceram mais detalhes do Observatório de Recursos Humanos em Saúde, com apresentação da pesquisadora Cristiana Leite Carvalho (foto) sobre a Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado  (EPSM), responsável pelo levantamento dos dados sobre a escassez de profissionais médicos nos municípios brasileiros. Encerrando as apresentações, o curso de Formação de Agentes Comunitários de Saúde, uma parceria entre UFMG e a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte.

A embaixadora da ONU para a Aids, Sigrun Mogedal, uma das integrantes da Aliança Global , elogiou as experiências brasileiras.   “O Brasil é um dos países que realmente nos fornece a dimensão exata do cuidado familiar, dos cuidados básicos de saúde e é um dos poucos capazes de envolver médicos, pacientes e toda a comunidade na forma como se conduz a questão da saúde. Poucos países no mundo foram capazes, até hoje, de fazer essa inclusão, em um nível de política pública da maneira como o Brasil fez. Isso o torna extremamente importante para o cenário global. Muito se fala sobre programas e projetos no âmbito dos recursos humanos em saúde, mas poucos agem como o Brasil”, elogiou a embaixadora .

Para a francesa Marie-Odile Wati, responsável pela divisão de saúde do governo francês, ver os processos dos programas brasileiros de perto foi uma experiência enriquecedora. “O Brasil deveria investir em exportar essas idéias e essa forma de trabalho na saúde, muitos desses programas seriam de grande utilidade para outros países”, afirma Marie.

Levantamento da Aliança Global mostra que há carências críticas em 57 nações – o Brasil não está nesta lista. O considerado ideal é um profissional (médico/enfermeiro/parteiro) para cada grupo de mil habitantes. No geral, no Brasil essa proporção está em 1,15 para cada mil, entretanto, apesar de ser um dos países que mais avançaram no investimento em capital humano na área de saúde, o Brasil ainda apresenta discrepâncias regionais, foi o que revelou levantamento feito pela   EPSM a pedido do Ministério da Saúde.

Leia também: Nescon sedia atividade de encontro da Aliança Global em Saúde e Levantamento da EPSM revela escassez de médicos no Brasil

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Fotos: Bruna Carvalho
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