O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou hoje, em Brasília, o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) com o tema “saúde” (foto Luciana Mendes, técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, apresentou o SIPS-Saúde). O estudo teve por objetivo principal avaliar a percepção da população sobre serviços prestados pelo SUS.
O SIPS Saúde apresenta a percepção dos entrevistados sobre cinco serviços do SUS: atendimento em centros ou postos de saúde, atendimento pela estratégia de Saúde da Família, a distribuição gratuita de medicamentos, atendimento por médicos especialistas e de urgência e emergência.
Os resultados mostram que os serviços do SUS são mais bem avaliados por aqueles que costumam utilizá-los quando comparados com aqueles que não os utilizam. A pesquisa mostra, também, a percepção dos entrevistados sobre os principais motivos para contratarem plano ou seguro de saúde.
A pesquisa
No levantamento, 80,7% dos entrevistados avaliaram a estratégia de Saúde da Família como “muito boa” ou “boa”, 14% como “regular” e apenas 5,4% como “ruim” ou “muito ruim”.
Os dados coletados pelo SIPS indicam que o atendimento de urgência e emergência é o serviço do SUS com pior avaliação, sendo reprovado por 31,4% dos usuários. Ainda assim, 48,1% dos entrevistados consideraram “bom” ou “muito bom” o serviço, enquanto 20,7% o qualificaram como “regular”.
Os centros e postos de saúde têm rejeição próxima a dos atendimentos de urgência e emergência, com 31,1% de avaliações negativas e 44,9% de opiniões favoráveis.
No estudo, a distribuição de medicamentos foi o segundo item mais aprovado pelos entrevistados, com índices de 69,6% e 11% de avaliações positivas e negativas, respectivamente. Os médicos especialistas obtiveram aprovação de 60.6% dos usuários entrevistados, sendo reprovados por 18,8% das pessoas ouvidas pelo Ipea.
Os dados foram coletados entre os dias 3 e 19 de novembro de 2010, nas casas de 2.773 pessoas residentes em domicílios particulares permanentes. A amostragem considerou a distribuição dos domicílios no Brasil e as variáveis como sexo, faixa etária, faixas de renda e escolaridade. Os parâmetros básicos para definição dessas distribuições vieram da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2008 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Leia na íntegra o Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre “saúde”
Veja os gráficos da apresentação do SIPS sobre “saúde”
Para o pesquisador do Nescon, Raphael Aguiar, parte do sucesso da Saúde da Família pode ser atribuído a iniciativas desenvolvidas pelas universidades públicas, entre elas a UFMG. “A Universidade sempre foi muito ativa no desenvolvimento de estratégias de apoio para a Saúde da Família, seja nas consultorias e assessorias a municípios que implantaram sistemas de saúde priorizando a atenção básica ou nos estudos e pesquisas que realizamos” [estudo coordenado pela pesquisadora do Nescon Veneza Berenice Oliveira, sobre avaliação da atenção primária, conta com importantes nomes da área no mundo como James Macinko].
Ainda segundo Aguiar, a UFMG é uma das universidades que mais incorpora a atenção primária no seu currículo nos cursos de saúde. Além disso, foi pioneira na aproximação do internato rural com a Saúde da Família, no desenvolvimento dos cursos de especialização e nas residências. “Atualmente nós ofertamos o Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família (CEABSF), que em apenas cinco turmas, abriu 1.725 vagas para profissionais da Saúde da Família. Além disso a UFMG é uma parceira que compartilha conhecimento e materiais, ajudando outras instituições a também capacitar profissionais em larga escala”, afirmou.
Médico, formado na UFMG, com Mestrado em Saúde Pública, em sua tese de doutorado defendida na Faculdade de Educação da UFMG em 2010, Aguiar analisou as iniciativas de capacitação para a estratégia de Saúde da Família que foram ou ainda são desenvolvidas no âmbito da UFMG: o projeto Veredas de Minas, o BH-Vida, a Residência Multiprofissional em Saúde da Família, o Curso de Especialização em Odontologia em Saúde Coletiva e as várias edições do Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família.
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Fotos: Sidney Murrieta e Zirlene Lemos