A necessidade permanente de capacitação e educação continuada é, nos dias de hoje, uma necessidade para trabalhadores de todas as áreas. No setor saúde, cuja característica é o constante dinamismo e a incorporação de novas tecnologias que determinam a revisão dos processos de trabalho, a atualização permanente dos profissionais é essencial para proporcionar uma melhor atenção à população. Baseando-se nessa necessidade foi lançada em 2008 a Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (Unasus), cuja meta é qualificar, até 2011, 52 mil especialistas em saúde da família e oferecer capacitação gerencial a outros 100 mil.
Estratégia proposta pelo Ministério da Saúde do Brasil, em cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas-OMS), agrega o trabalho de instituições acadêmicas com os serviços de saúde para responder à necessidade de formação dos profissionais do SUS. O principal objetivo é promover a qualificação em serviço dos trabalhadores da saúde de todo o país. Em entrevista, Vinícius de Araújo Oliveira, consultor do Ministério da Saúde e responsável técnico pelo projeto Unasus, fala do curso piloto, das estratégias para armazenamento e circulação dos objetos de aprendizagem e da participação das instituições parceiras.
Entrevistador: O que é a Unasus?
Vinícius de Araújo Oliveira: Unasus quer dizer Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde. Trata-se de uma estratégia proposta pelo Ministério da Saúde do Brasil, em cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas-OMS), para aprendizagem em rede no setor saúde. É um trabalho conjunto entre instituições acadêmicas e serviços de saúde. Essa estratégia visa possibilitar uma resposta rápida e articulada das esferas federal, estadual e municipal do SUS à necessidade de formação e qualificação dos profissionais do SUS. Utilizando interações presenciais e a distância, essa iniciativa se propõe, inicialmente, a formar 52 mil especialistas em Saúde da Família e capacitar para gestão em saúde 110 mil profissionais que atuam nessa área em todo país.
Entrevistador: Como a Unasus está organizada e qual é o seu diferencial?
Vinícius de Araújo Oliveira: Três áreas estratégicas para o desenvolvimento do SUS foram escolhidas para dar início às atividades da Unasus: Saúde da Família, Formação Gerencial e Saúde do Idoso. As atividades ficarão a cargo das universidades, escolas, secretarias de saúde, serviços de saúde, associações científicas e outros parceiros que dividirão entre si as tarefas de elaboração de material didático, supervisão pedagógica e apoio local à aprendizagem. O diferencial da proposta da Unasus é a maneira como as atividades se dividem e se articulam. Elas estão separadas em quatro componentes: formulação de conteúdo, educação a distância, titulação dos estudantes e apoio local à aprendizagem. A formulação de conteúdo será feita em espaços virtuais e presenciais colaborativos, usando principalmente a experiência do Campus Virtual em Saúde Pública, iniciativa da Opas. Todo material desenvolvido poderá ser acessado no Campus pelas instituições e estudantes interessados por meio das bibliotecas virtuais e de outras mídias, dentre elas CDs, DVDs e impressos.
Entrevistador: Qual é o papel do Campus Virtual em Saúde Pública na Unasus?
Vinícius de Araújo Oliveira: A Unasus utiliza o Campus Virtual em Saúde Pública (CVSP) como ferramenta de interoperabilidade entre as instituições envolvidas. A proposta é de integração com o CVSP, que permitirá a oferta, manutenção e desenvolvimento de todas as ferramentas para debate e colaboração nacional da Unasus: fórum, ambiente de aprendizagem, criação de rede social virtual. E o principal, que é o repositório comum de material instrucional para garantir o livre acesso, a utilização e a adaptação do material pelas instituições e pelos alunos de todo material a partir do Campus.
Entrevistador: Qual o primeiro projeto da Unasus?
Vinícius de Araújo Oliveira: O primeiro é o Projeto Piloto de Especialização em Saúde da Família. O curso deverá ter início neste ano.Fizemos uma oficina sobre o projeto piloto em Brasília, que contou com a participação de várias instituições: os departamentos de gestão da educação em saúde (Deges) e de atenção básica (DAB) do Ministério da Saúde, a Opas-OMS, as seis universidades convidadas para o piloto (UFMG, UFSC, Uerj, Unicamp, UNB, UFC) e os gestores do SUS locais e/ou estaduais, além das demais parceiras, como o Grupo Hospitalar Conceição, ENSP/Fiocruz, a Unasus Bahia e o Canal Minas Saúde. Na oficina, as universidades envolvidas apresentaram seus projetos e experiências com os cursos na área de saúde da família. Mais importante foi a pactuação de oferta entre as instituições parceiras de mais cinco mil vagas de especialização em Saúde da Família em 2009.
Entrevistador: Quais foram os critérios para a participação das universidades no projeto?
Vinícius de Araújo Oliveira: Para o projeto piloto foram selecionadas apenas universidades públicas de grande tradição no setor saúde, que congregavam experiências na área de saúde da família, e formação em larga escala utilizando EAD, incluindo participação no sistema UAB/Capes/MEC, participação no pró-saúde e/ou telessaúde e parcerias com gestores municipais e estaduais do SUS já estabelecidas para subsidiar essa ação. A proposta da Unasus será apresentada à CIT ainda em novembro para pactuação, possibilitando, assim, que, logo no começo de 2009, seja publicado um amplo edital para seleção de novos projetos.